Quanto maior a distância física entre os colaboradores, mais importante se torna a causa da sua empresa
Vocês já devem ter percebido que a discussão sobre trabalho remoto segue bombando por aí, certo? Desde o início da pandemia, um número impressionante de artigos tem sido escrito sobre o tema, refletindo tanto a curiosidade quanto a incerteza sobre como agir efetivamente. Mas, apesar de todo o burburinho, ainda não há um consenso sobre qual é o melhor modelo a ser adotado.
Pra ser sincero, não é fácil trabalhar de casa. Muita gente se sente isolada, desanimada e até mesmo improdutiva. Sem aquele cafezinho com a galera e a bagunça do escritório, a gente fica meio perdido. E a comunicação? Nem se fala! Mal-entendidos e falta de informações que geram desorganização e improdutividade.
E a cultura organizacional, então? Aquela cultura forte, construída no dia a dia, nas interações, nos rituais de escritório… Como manter isso remotamente? Parece complicado, mas não é impossível. Aqui entra uma questão central: quanto maior a distância física entre os colaboradores, mais importante se torna a causa da empresa. Em um mundo onde colaboradores estão dispersas geograficamente, eles se engajam mais em causas do que em instituições. Isso quer dizer que, se sua empresa não tem uma causa forte e definida, vai ser bem mais difícil manter uma cultura forte no sistema remoto.
Adotar o trabalho remoto não é moleza, não. Tem que ter planejamento, organização e muita comunicação. É preciso investir em ferramentas adequadas, definir expectativas e responsabilidades, promover a comunicação transparente e constante, e fortalecer a cultura. A realidade é que empresas com culturas desconexas tendem a se perder no modelo remoto. Nesses casos, o melhor é voltar ou manter as pessoas trabalhando presencialmente. Vou compartilhar um exemplo prático de um cliente nosso para ilustrar isso. Eles optaram por retornar ao trabalho presencial enquanto trabalhávamos juntos na construção e solidificação da cultura e causa da empresa. Isso envolveu definir claramente os valores, comportamentos e propósito que realmente inspirassem e engajassem todos. Somente depois de estabelecer uma base cultural sólida é que eles começaram, gradativamente, a transição para o modelo híbrido. O objetivo a longo prazo é adotar um formato onde os colaboradores tenham total liberdade para escolher onde querem trabalhar. Essa estratégia ajudou a fortalecer a coesão e o senso de propósito da equipe antes de avançar para um modelo mais flexível.
Esse exemplo ilustra bem a importância de ter uma cultura organizacional forte antes de apostar no trabalho remoto. Quando a causa da empresa é clara e inspiradora, os colaboradores se sentem mais engajados e conectados, mesmo à distância. É essa conexão com a causa que pode substituir, em grande medida, a falta de interações físicas diárias e manter a equipe coesa.
Os pontos importantes a serem considerados nesta discussão, e em especial caso você não seja lá um fã do trabalho remoto são os seguintes: de acordo com o World Economic Forum, o aumento de ofertas de trabalho em formato híbrido segue em franca expansão; no Brasil estamos vendo uma fuga de cérebros com talentos preferindo trabalhar para empresas estrangeiras que, além de pagarem em dólar, permitem trabalhar de qualquer lugar; temos um déficit educacional que produz cada vez menos profissionais com as competências exigidas hoje, e; por último, os atuais líderes (entre eles eu e você) seguem envelhecendo e sofrendo muito para seguirem aprendendo conceitos novos e tendo que mudar paradigmas a todo instante. Ou sucedemos ou morremos.
Precisamos ter humildade para entender que o mundo não vai parar de girar e evoluir porque não aceitamos essas mudanças, muito menos porque desenhamos estereótipos de que trabalho remoto é coisa de “preguiçoso”. O que de fato não entra na cabeça das pessoas é seguir com modelos de trabalho sem sentido (sem noção) como enfrentar quase duas horas de transporte público para chegar no escritório e se conectar online para as reuniões. A velha história das reuniões que poderiam ter sido emails (que aliás quase ninguém lê mais) nunca foram tão vivas e presentes quanto hoje. Imagine amanhã! Meu conselho final é: se você e a sua empresa ainda não estão preparados para adotar formatos de trabalho mais flexíveis, se preparem! Se não deu certo da primeira vez, volte, se reorganize e tente de novo. Evolua aos poucos.
Ao invés de resistir às mudanças, é importante reconhecer que o mundo está em constante evolução e que as empresas precisam se adaptar pra sobreviver. A fuga de cérebros, a escassez de talentos qualificados e os novos formatos de vida e sociedade são sinais claros da necessidade de mudança.
E por fim, invista num plano estratégico de cultura. As empresas que mais obtêm sucesso nos novos modelos de trabalho são justamente aquelas que investem pesado nisso. É através desse investimento que se constrói uma organização resiliente e adaptável onde quer que seja.
#PrimeiroAsMentes