A cultura organizacional é um tema extremamente fundamental para a saúde e o sucesso de qualquer empresa. Indo além de um conjunto de regras escritas, ela representa o “jeito que as coisas acontecem” no dia a dia. Foi sobre essa premissa vital que James Charles conduziu uma conversa esclarecedora no Podcast “Papo em Dia”, com Adeildo Nascimento, CEO da DHEO Consultoria e especialista com 14 anos de experiência no desenvolvimento de culturas empresariais.
Adeildo Nascimento introduz a cultura como o diferencial de qualquer local, seja ele uma empresa ou mesmo a vida. Ele explica que o trabalho de diagnóstico da cultura, muitas vezes chamado de “aquário” ou observação etnográfica, consiste em mergulhar no ambiente para entender os comportamentos reais, identificando, por exemplo, se “a cultura no cafezinho é uma, a cultura na sala do chefe é outra”.
O especialista ressaltou a diferença entre culturas saudáveis e as que ele define como tóxicas. Em uma cultura saudável, o indivíduo não precisa criar um personagem para se adequar. “Uma cultura boa é onde você tem claro quais são os princípios, os valores, como que a gente se comporta aqui. Resumindo, uma boa cultura é aquela que as pessoas são elas mesmas”.
Desafio do líder
Adeildo pontuou que a cultura não existe para ser simplesmente “bonita” ou “feia”; sua função principal é suportar a estratégia que o empresário tem para o negócio, seja ela vender mais, adquirir concorrentes ou buscar um crescimento sustentável. A atração de talentos, especialmente das gerações mais jovens, está diretamente ligada à autenticidade da cultura.
“Se eu curtir a causa da sua empresa, os talentos hoje, se eu gostar do que você faz, como você faz e por você faz, eu me engajo”. No entanto, o maior obstáculo na consultoria reside na resistência à transformação por parte da liderança. “O maior desafio de todos é pegar empresas aonde o dono quer transformar a empresa, mas não quer se transformar. E aí não tem como, porque a cultura da empresa, ela é o reflexo e o espelho do dono dela, do investidor, do sócio”, esclareceu.
Entendendo as diferenças
Um ponto importante da conversa entre Adeildo Nascimento e James Charles foi a distinção entre a cultura organizacional e o clima organizacional. A cultura é a base da empresa, baseada nas crenças e nos comportamentos das pessoas. Ela é perene, de longo prazo, e demora para ser construída, destruída ou mudada. Segundo Adeildo, a cultura tem a ver com as crenças e os comportamentos das pessoas. “Então tua cultura vai ser a mesma independente do clima”, disse.
Já o clima, por outro lado, é baseado na emoção, no sentimento e na percepção das pessoas, o que o torna volátil. O clima pode estar bom no início do dia e péssimo no final, sofrendo forte influência de fatores externos, como um aumento de salário, um novo cliente, ou, inversamente, um layoff ou uma mudança de política. Ele resumiu: “a cultura é o background estável e comportamental da empresa, enquanto o clima é a percepção emocional e mutável do momento”.
O futuro é humano
Abordando a tendência da Inteligência Artificial, o especialista alertou sobre a visão simplista de usar a IA apenas para cortar custos de pessoal. Ele argumentou que, como a IA inevitavelmente irá pasteurizar as entregas, o verdadeiro diferencial competitivo voltará a ser o fator humano. “E qual que é o diferencial? Justamente as pessoas que trabalham para você. Então, se a inteligência artificial hoje tá deixando as pessoas com mais tempo livre, não demita, use o intelecto dessas pessoas para inovar na sua empresa”.
O especialista também destacou a ascensão da liderança servidora, que surgiu com a transição para a economia de serviços, exigindo o capital intelectual das pessoas. “O bom líder é aquele que vai viver ou vai trabalhar muito mais em função do seu time, do desenvolvimento das pessoas mesmo do que para o seu próprio objetivo”.
No final do bate-papo, Adeildo reforçou que a cultura é o único ativo que uma empresa possui que ninguém pode copiar. “O primeiro passo para construí-la é ter um parceiro de confiança que ajude a diagnosticar o status quo e a desenhar a cultura alvo, aquela que irá sustentar o sucesso estratégico do negócio”.
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Texto: Básica Comunicações
