No Bom Dia RH, Adeildo Nascimento defende cultura organizacional baseada na história e no comportamento humano

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 “A história explica porque somos de determinada maneira, mas não determina quem podemos ser. Do contrário, todo grupo seria pasteurizado, e não é. Cada organização pode ter bases diferentes, construir histórias diferentes. E o RH só se torna arquiteto do futuro quando é, antes, um bom intérprete do passado”.

Com esse insight, o especialista em cultura organizacional e CEO da DHEO Consultoria, Adeildo Nascimento, encerrou sua apresentação no “Bom Dia RH – O futuro pertence a quem entende o passado”, evento promovido pela ABRH-PR, na sede da Propósito Human Capital Solutions, nesta terça-feira (25.11), em Curitiba.

Na abertura do evento, o presidente da ABRH-PR, Gilmar Silva de Andrade, agradeceu a acolhida da Propósito e destacou os parceiros presentes, ressaltando a importância das colaborações contínuas. Em sua fala, trouxe uma reflexão sobre o papel dos profissionais de RH diante das transformações tecnológicas. “Quem conhece a própria trajetória não teme mudanças, porque entende que nenhuma inovação substitui valores humanos como empatia, escuta, propósito e confiança, pilares construídos ao longo de décadas nas relações de trabalho”, afirmou.

A vice-presidente da ABRH-PR, Vera Mattos, fez uma saudação de boas-vindas aos presentes e anunciou novidades, com o planejamento do cronograma de eventos para 2026. “Contamos com a participação dos profissionais e associados da entidade, além da importante atuação do nosso corpo de voluntários. Estamos muito felizes com o crescimento do número de associados à ABRH-PR, que segue com o objetivo de contribuir, somar e compartilhar aprendizados”, disse.

Cultura é investigação

Reconhecido por conduzir diagnósticos profundos de cultura organizacional, Adeildo Nascimento provocou o público logo no início: “Eu espero que vocês saiam daqui com mais perguntas do que respostas”. A partir daí, conduziu uma reflexão sobre como a compreensão histórica é indispensável para qualquer transformação consistente nas empresas.

Ao apresentar a DHEO Consultoria, Adeildo destacou a diferença entre o uso superficial do termo e o trabalho real de diagnóstico. “Cultura não é um projeto escalável. É etnografia, é mergulho, é observar o que não está dito.” Ele citou casos em que aspectos aparentemente banais, “o cheiro de um ambiente”, por exemplo, revelava questões profundas sobre comportamentos, traumas e estruturas invisíveis.

Segundo ele, muitas empresas desejam transformação, mas não possuem maturidade de gestão para enfrentar o processo. “O futuro das organizações é tecnológico-psicológico. O RH não pode ser só tecnologia; precisa voltar a entender de comportamento humano”.

Sem passado, não há futuro

Adeildo reforçou que previsões sobre comportamento humano são frágeis. Para ilustrar, perguntou quantos, há 30 anos, acreditariam que pessoas passariam horas consumindo vídeos curtos em uma timeline infinita. “O passado é a ferramenta para formular conjecturas melhores sobre o futuro”.

A partir dessa lógica, analisou culturas nacionais e corporativas, como a japonesa e sua relação histórica com honra e exaustão, para mostrar como padrões extremos se perpetuam. “Toda empresa carrega traços fundadores. Sem entender essas âncoras, não há transformação possível”.

Benchmarking preguiçoso

Adeildo criticou a imitação acrítica de modelos estrangeiros, especialmente os do Vale do Silício. “Escorregador no escritório não constrói cultura. Cultura exige alfaiataria, exige small data”.  E citou casos de empresas familiares em que sucessores carregavam memórias dolorosas do negócio, histórias que, segundo ele, moldam comportamentos e contaminam a estratégia por anos. “Transformação cultural leva tempo. E não se terceiriza.”

O palestrante reforçou a urgência de reposicionar o RH. “O marketing digital ficou com o comportamento humano e o RH ficou com o administrativo. É hora de resgatar nossa relevância”. Ele defendeu uma atuação fundamentada em antropologia, sociologia, psicologia social e história. Para exemplificar, mencionou a criação de narrativas e rituais vinculados às raízes de cada organização, e não meras ações motivacionais. “Ritual sem propósito vira piada. As pessoas percebem”.

Liderança contextualizada

Adeildo provocou os profissionais presentes ao discutir o perfil das lideranças contemporâneas. “Líder sem consciência temporal entrega pouco. Soft skills não são acessórios; são o centro”, destacou. Ele também criticou modelos tradicionais de autoridade e defendeu a criação de ambientes baseados em confiança e segurança psicológica. “Hoje, credibilidade não vem do terno. Vem da capacidade de contextualizar o mundo e de aprender sempre”.

Ao abordar caminhos possíveis para o pós-capitalismo, mencionou conceitos como a teoria dos jogos coletivista, a sociocracia e o modelo da Mondragon Corporation. “Existem formas de organização em que todos ganham. Precisamos estudar mais o que já existiu para construir o que ainda não existe”. Ele ainda recomendou o livro O Futuro Chegou, de Domenico De Masi, como fonte de inspiração para analisar ciclos históricos e compreender como a combinação entre tecnologia e humanismo pode redesenhar o trabalho.

Adeildo encerrou reforçando o papel estratégico do RH. “Se quisermos ser protagonistas desse novo mundo, precisamos olhar o que está enterrado na história das empresas — nos traumas, nos acertos, nas narrativas. Sem interpretar o passado, não temos a menor chance de projetar o futuro”.

Soluções com propósito

Convidada a comentar sobre a anfitriã do Bom Dia RH, Ruth Bandeira, CEO da Proposito Human Capital Solutions, agradeceu o convite e resumiu o espírito da companhia. Segundo ela, o DNA do grupo está ancorado em dois pilares: “transformar pessoas — seja em carreira ou dentro das empresas — e resolver problemas de clientes e candidatos”.

Ruth apresentou as frentes de atuação da Proposito – Heel & Cartel Solutions, Middle Management, Desenvolvimento e Board Services – e anunciou a chegada da PRO Tech, vertical dedicada à governança corporativa. O novo braço vai apoiar, especialmente no Sul do país, organizações que estão migrando de modelos familiares para estruturas mais transparentes, com processos definidos e alinhados às diretrizes do IBGC, entidade da qual ela faz parte.

A executiva reforçou a relevância da governança como ferramenta de longevidade e crescimento sustentável. “A governança é decisiva para a perpetuidade e a prosperidade das empresas”, afirmou. Ela acrescentou que a Proposito avança na criação de soluções digitais voltadas ao RH estratégico, com foco em eficiência e tomada de decisão qualificada.

Texto: Básica Comunicações

Fotos: Leandro Provenci

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