Você sabia que a IA está moldando o futuro das estruturas de cargos e salários nas empresas? Com a chegada de tecnologias como o ChatGPT, a automação de tarefas e a inteligência aplicada a diversas áreas corporativas, o mercado de trabalho está passando por uma transformação significativa.
Uma das grandes questões que surgem com isso é: como as organizações, especialmente os departamentos de Recursos Humanos, devem se adaptar a essas mudanças?
Para aprofundar neste assunto, Adeildo Nascimento esteve presente na 220ª edição do programa Gestão de Pessoas, podcast da The Foursales Company que entrevista os principais executivos e especialistas em RH do Brasil para compartilhar cases, tendências e boas práticas de gestão de pessoas.
Neste artigo, vamos explorar como a IA está impactando as estruturas de cargos e salários e o que os profissionais de RH precisam saber para garantir que suas organizações estejam preparadas para esse novo cenário.
Se você está em busca de insights valiosos sobre como se adaptar a essas mudanças e aproveitar as oportunidades que surgem, continue lendo!
Como a inteligência artificial está transformando o mercado de trabalho
A chegada do ChatGPT e outras tecnologias de IA ao Brasil, em 2023, representou um marco importante na forma como as empresas interagem com a tecnologia. A inteligência artificial, antes limitada a processos administrativos e operacionais, agora está começando a atuar em áreas mais estratégicas.
Em outras palavras, tarefas que antes dependiam exclusivamente de habilidades humanas, como a tomada de decisão, agora podem ser automatizadas, tornando-se mais rápidas e eficientes.
No entanto, à medida que a IA ganha espaço, surge uma reflexão essencial: como essas mudanças afetarão as estruturas de cargos e salários tradicionais? Em um mercado cada vez mais automatizado, as hard skills, que antes eram altamente valorizadas, podem perder seu lugar para as habilidades interpessoais, as chamadas soft skills.
Isso ocorre porque a IA é capaz de executar funções técnicas com maior precisão e em maior escala. Mas as habilidades humanas, como empatia, criatividade e comunicação, continuam sendo os diferenciais de quem consegue se destacar no mercado.
O impacto da IA nas estruturas tradicionais de cargos e salários
O modelo tradicional de cargos e salários, baseado principalmente em habilidades técnicas e experiências, está sendo questionado à medida que a IA se torna mais presente nas organizações. Afinal, esse modelo foi construído para um mundo de trabalho mais rígido, onde os cargos eram definidos de maneira clara, com salários atrelados às competências técnicas específicas de cada função.
Agora, com a automação de muitas dessas funções, surge a necessidade de repensar essa estrutura. A valorização dos cargos não pode mais ser medida apenas pelas hard skills que os profissionais possuem.
Isso significa que o futuro das estruturas de cargos e salários exigirá uma abordagem mais dinâmica, onde os profissionais serão remunerados com base no impacto que geram nas organizações, e não apenas nas funções que desempenham.
Dessa forma, funções técnicas que podem ser facilmente automatizadas pela IA terão uma valorização menor, enquanto funções que exigem competências humanas mais complexas, como resolução de problemas e liderança, devem ser mais valorizadas.
Manter as descrições de cargos ainda faz sentido?
Se você ainda pensa que a descrição de cargos rígida é a melhor maneira de estruturar as funções dentro da sua empresa, é hora de repensar. Lembre-se: o mundo corporativo está se tornando cada vez mais dinâmico e flexível. Portanto, a tradicional abordagem de ter uma descrição de cargo fixa, com salários definidos unicamente com base em títulos e habilidades técnicas, não se aplica mais.
Em um futuro próximo, os profissionais de RH precisarão adotar abordagens mais ágeis e flexíveis. A ideia de famílias de cargos, com objetivos comuns, poderá substituir as descrições detalhadas de cargos, permitindo que os colaboradores se concentrem em resultados e em impacto, em vez de serem avaliados apenas por títulos e responsabilidades.
Além disso, à medida que a IA avança, a remuneração poderá ser mais ligada às tarefas específicas que o profissional realiza e ao impacto gerado por essas tarefas, com a inteligência artificial desempenhando um papel de apoio ou até mesmo substituindo algumas funções.
Em suma, a remuneração será cada vez mais baseada em como o colaborador contribui para os resultados da organização, e não apenas no cargo que ocupa.
Soft skills: o diferencial no futuro do trabalho
Com a ascensão da IA, as soft skills se tornam cada vez mais essenciais. A comunicação eficaz, a capacidade de resolver problemas complexos e o pensamento crítico serão habilidades indispensáveis para quem deseja se destacar no mercado de trabalho do futuro.
Isso porque as tecnologias podem processar grandes volumes de dados e até tomar decisões automatizadas, mas elas não possuem a capacidade de entender nuances emocionais, promover a colaboração eficaz ou tomar decisões com base em contexto humano.
Essas competências, portanto, se tornarão os grandes diferenciais dos profissionais do futuro. O foco não será mais apenas em quem tem as melhores habilidades técnicas, mas em quem sabe se adaptar ao novo cenário de trabalho, lidando com as tecnologias de forma inteligente e criativa.
Assim, profissionais que saibam usar a IA a seu favor, mas sem perder a capacidade de pensar criticamente e inovar, serão altamente valorizados.
Gênero e o mercado de trabalho: o que está mudando?
A questão de gênero também desempenha um papel importante nas transformações que estamos observando nas estruturas de cargos e salários. Estudos recentes sugerem que o futuro do mercado de trabalho pode ser mais favorável a setores compostos majoritariamente por mulheres, principalmente aqueles que exigem habilidades interpessoais e emocionais, como saúde e ciências sociais.
Esses setores, que historicamente tiveram uma maior representação feminina, estão se tornando cada vez mais valorizados, enquanto áreas dominadas por um perfil mais técnico e masculino, como engenharia e tecnologia, podem passar a ter uma valorização menor.
Em outras palavras, essa mudança abre novas oportunidades para as empresas repensarem suas políticas de recrutamento e promoção, criando ambientes mais inclusivos e diversos. Afinal, a competitividade futura será definida pela capacidade das organizações em atrair e reter profissionais com habilidades interpessoais excepcionais.
Como classificar os tipos de colaboradores na nova estrutura de cargos e salários?
À medida que o mercado de trabalho se transforma, também é necessário repensar a classificação dos colaboradores dentro das estruturas de cargos e salários. Em vez de manter o foco nas habilidades técnicas e nas descrições rígidas de cargos, as organizações deverão adotar uma classificação mais dinâmica, baseada em três pilares:
- Hard Skill Based: Profissionais com expertise técnica em áreas específicas;
- Soft Skill Based: Colaboradores com habilidades interpessoais e emocionais que agregam valor às equipes e à cultura da empresa;
- Behavior Based: Funcionários cujos comportamentos e alinhamento com a cultura organizacional são um diferencial.
Essa nova classificação permitirá que as empresas recompensem seus colaboradores de forma mais justa e alinhada ao novo contexto do mercado de trabalho. Logo, a remuneração será baseada não apenas nas funções desempenhadas, mas também no impacto que cada profissional gera dentro da organização.
Como se preparar para o futuro das estruturas de cargos e salários?
Agora que você tem uma visão geral sobre as mudanças nas estruturas de cargos e salários, é hora de se preparar para o futuro. Aqui estão três dicas práticas para os profissionais de RH se anteciparem às mudanças:
1. Mantenha a alta gestão atualizada
A alta gestão precisa estar constantemente atualizada sobre as tendências do mercado de trabalho e as mudanças tecnológicas. O RH deve ser um facilitador nesse processo, trazendo para a empresa as melhores práticas e tendências globais.
2. Teste modelos híbridos
Não é necessário adotar mudanças radicais de imediato. Comece implementando modelos híbridos, testando novas formas de remuneração baseadas no impacto gerado por equipes ou cargos específicos. Isso ajudará sua organização a se adaptar gradualmente às mudanças sem comprometer sua estrutura atual.
3. Enriqueçam juntos
A chegada da IA abre novas oportunidades para as empresas se tornarem mais colaborativas. Então, em vez de focar apenas no lucro individual, o futuro do trabalho será mais centrado no sucesso coletivo. Organizações que adotarem essa mentalidade terão uma vantagem competitiva no mercado.
Em conclusão…
O futuro das estruturas de cargos e salários está sendo moldado pela transformação digital e pela ascensão da inteligência artificial. Para os profissionais de RH, isso não significa apenas uma adaptação a novas tecnologias, mas uma mudança de paradigma na forma de avaliar e remunerar os colaboradores.
Agora, mais do que nunca, é fundamental que as empresas reconheçam o valor das soft skills, adotem modelos de remuneração mais flexíveis e estejam preparadas para os desafios e oportunidades que surgem com a IA. A transformação do trabalho não é uma questão de “se”, mas de “quando”. E para estar à frente dessa mudança, elas precisam agir agora.